Olha a cacimba
Bate o olho no espelho da barrenta água vermelha
Que se espalha imaculando o outro eu que vive dentro
Remoendo a dor da gente
Que incendeia o coração prá te fazer chorar
Não fique triste meu amor
Se o mundo ainda é bom
Mesmo que o fel e a flor sejam do mesmo tom
Eu não lhe digo
Eu não lhe digo é nada que você não queira ouvir
Martelando a sua alma indiferente
Que se cala na miséria, no abuso
No silêncio, no escuro que te pela de medo
Quem é que vai me dizer
Se já não sou ninguém
Quem é que pode saber dizer amém
No céu um dedo
De Deus um dedo
Basta um dedo de Deus
Se ele quiser te queimar
Basta um dedo de Deus
Se ele quiser perdoar
O tempo nunca pára
Agora acabou de passar
Nesse momento se perdeu na encruzilhada lá em riba do quintal
Onde tem um pé de tempo
Que nasceu do bom rebento do Senhor do Livramento
Cantar prá mó de espantar
Tudo que for ruim
Se a vida tem que acabar que seja até o fim
Cada pessoa
Carregando a sua cruz no descaminho
Da beirada da estrada que não leva prá lugar
No lombo as sete chagas do menino
Que morreu e cozinhou no sol a pino
Olhe bem dentro de mim
Diga se vê o mar rasgando o seco daqui prá me afogar