Quem é esse homem estranho
Que com seus olhos castanhos
Me observa do espelho
Acaso será o avesso
De alguém que foi esquecido
E de si anda perdido
Como muitos que conheço
Olho e não me reconheço
Nesse rosto envelhecido
Os olhos onde o espanto
Por abri-los viram tanto
Estão opacos assim
O tempo socou as mágoas
Neste rosto como tarcas
De uma contagem sem fim
Na alma não envelheço
Por isso me desconheço
Na imagem gasta no espelho
Aparo a barba grisalha
Passo o pente no cabelo
Ao tempo que me convenço
Não sou o corpo que vejo
Refletido a minha frente
Sou as ideias que tenho
Eu sou aquilo que penso
Eu sou aquilo que penso...
Por isso esse não sou eu
E a alma que deus me deu
Continua a mesma ainda
Entendo melhor agora
Por que ela ira embora
Quando o coração parar
O espelho nos ensina
Que o que vemos se termina
E o eterno esta sempre
Muito alem do nosso olhar
O espelho nos ensina
Que o que vemos se termina
E o eterno esta sempre
Muito alem... muito alem
Sempre muito alem... muito alem...